Depoimento | Meire Ramos
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Meire Ramos
Ensaio – 06 de dezembro de 2011
Memórias inventadas sobre uma índia albina
Uma senhora de seus 60 e poucos anos, com um jeito de criança: um olhar engraçado, inocente, e um sorriso sempre na boca. Sua pele branca, pintadinha, lembra a minha avó Teresa, mãe da minha mãe. Mas dona Margarida é loira.
Sentada com seu pintinho no colo, e seus cachorros em volta, mostra o quanto pra ela esses animais são importantes, como que da família. Cuidava do pintinho com o cuidado de um bebê. Ou como se cuida uma galinha. Se fosse pra pensar em um animal que a representasse, seria a galinha. A mãe. A que cuida: Observa o que os filhos fazem, e ri quando eles erram. Sem brigas em casa. Ela só briga para que não briguem.
Dona Margarida trabalhou muito na vida, e trabalha até hoje fazendo artesanato, e passou essa sabedoria pros seus filhos e filhas. Ela vende os artesanatos pros brancos em troca de dinheiro para comprar o alimento que hoje falta na sua aldeia. Isso a entristece, não ter o de comer.
Desde pequena passou por isso, mas ela ainda acredita que um dia chegará num lugar, ou chegará um tempo que de tudo vai ter.
Seu esposo morreu com seus filhos ainda pequenos e nunca mais ela se casou. Ela educou seus filhos pro caminho do bem.
Dona Margarida não fala o português, só algumas palavras, como “oi, bonito, dinheiro, alguns valores, colar, brinco...”, que aprendeu para sobreviver, não que quisesse.
Ela gosta de fumar seu cachimbo, e reunir seus filhos pra comer, ou pra conversar. Sempre que pode, ela gosta de estar alegre, pois acredita que ainda tem muitas coisas boas na terra, que Nhanderu não deixa ninguém acabar, como a lua que está no céu toda noite pra quem quiser olhar, na sua aldeia ou em qualquer outro canto. Por isso de noite, ela fica fora de casa, pra ver a lua, de noite ela vai até a casa-de-reza pra fumar e agradecer.
Memórias inventadas sobre uma índia albina
Uma senhora de seus 60 e poucos anos, com um jeito de criança: um olhar engraçado, inocente, e um sorriso sempre na boca. Sua pele branca, pintadinha, lembra a minha avó Teresa, mãe da minha mãe. Mas dona Margarida é loira.
Sentada com seu pintinho no colo, e seus cachorros em volta, mostra o quanto pra ela esses animais são importantes, como que da família. Cuidava do pintinho com o cuidado de um bebê. Ou como se cuida uma galinha. Se fosse pra pensar em um animal que a representasse, seria a galinha. A mãe. A que cuida: Observa o que os filhos fazem, e ri quando eles erram. Sem brigas em casa. Ela só briga para que não briguem.
Dona Margarida trabalhou muito na vida, e trabalha até hoje fazendo artesanato, e passou essa sabedoria pros seus filhos e filhas. Ela vende os artesanatos pros brancos em troca de dinheiro para comprar o alimento que hoje falta na sua aldeia. Isso a entristece, não ter o de comer.
Desde pequena passou por isso, mas ela ainda acredita que um dia chegará num lugar, ou chegará um tempo que de tudo vai ter.
Seu esposo morreu com seus filhos ainda pequenos e nunca mais ela se casou. Ela educou seus filhos pro caminho do bem.
Dona Margarida não fala o português, só algumas palavras, como “oi, bonito, dinheiro, alguns valores, colar, brinco...”, que aprendeu para sobreviver, não que quisesse.
Ela gosta de fumar seu cachimbo, e reunir seus filhos pra comer, ou pra conversar. Sempre que pode, ela gosta de estar alegre, pois acredita que ainda tem muitas coisas boas na terra, que Nhanderu não deixa ninguém acabar, como a lua que está no céu toda noite pra quem quiser olhar, na sua aldeia ou em qualquer outro canto. Por isso de noite, ela fica fora de casa, pra ver a lua, de noite ela vai até a casa-de-reza pra fumar e agradecer.