Depoimento | Gilberto Araujo
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Gilberto Araujo
Ensaio | 16 de Dezembro de 2011
A cultura Guarani está em extinção. Seu Alísio está lutando há trinta anos. Ele se diz cansado. Não vê o futuro com bons olhos: “Eu confio em vocês, no teatro de vocês, para falar de nossa cultura, pra dizer pros brancos que nós não somos como os juruá nos vê”. Ele só não desiste, porque acredita nas crianças, que elas continuarão a resistir.
Do encontro de hoje, penso que este mergulho resultará num espetáculo que transcenderá os limites da aldeia Tekoa Pyau – vai muito além. Sinto que a cultura guarani com um todo e particularmente seu modo de entender as coisas, de vivenciar as coisas, a vida, no ritmo deste outro tempo, será apenas o início de um diálogo/confronto entre as duas culturas, do qual não sairemos ilesos.
Vejo como um encontro para celebrar a vida como, nós juruá, há muito tempo deixamos de fazer.
Nesse processo que ninguém está imune, nos emocionamos, nos indignamos, nos sentimos afetados tão pungentemente e tão cutucado no que temos profundamente enraizado em nós, mas que não é, seguramente, natural, que as vezes, o objeto de pesquisa se inverte e se confunde; quem está estudando quem? Não será mais uma busca de nossa ancestralidade, de entendermos o que somos, de enxergarmos em qual caminho nossos passos estão nos levando hoje?
Em nossos corações há um amontoado de um pó cinza, enquanto os guarani ainda mantem a fogueira sempre acesa na casa de reza.
A cultura Guarani está em extinção. Seu Alísio está lutando há trinta anos. Ele se diz cansado. Não vê o futuro com bons olhos: “Eu confio em vocês, no teatro de vocês, para falar de nossa cultura, pra dizer pros brancos que nós não somos como os juruá nos vê”. Ele só não desiste, porque acredita nas crianças, que elas continuarão a resistir.
Do encontro de hoje, penso que este mergulho resultará num espetáculo que transcenderá os limites da aldeia Tekoa Pyau – vai muito além. Sinto que a cultura guarani com um todo e particularmente seu modo de entender as coisas, de vivenciar as coisas, a vida, no ritmo deste outro tempo, será apenas o início de um diálogo/confronto entre as duas culturas, do qual não sairemos ilesos.
Vejo como um encontro para celebrar a vida como, nós juruá, há muito tempo deixamos de fazer.
Nesse processo que ninguém está imune, nos emocionamos, nos indignamos, nos sentimos afetados tão pungentemente e tão cutucado no que temos profundamente enraizado em nós, mas que não é, seguramente, natural, que as vezes, o objeto de pesquisa se inverte e se confunde; quem está estudando quem? Não será mais uma busca de nossa ancestralidade, de entendermos o que somos, de enxergarmos em qual caminho nossos passos estão nos levando hoje?
Em nossos corações há um amontoado de um pó cinza, enquanto os guarani ainda mantem a fogueira sempre acesa na casa de reza.